terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Viagem


Iniciei uma viagem ao fundo do mar. Só, na minha viagem.

Deixei medos, deixei inseguranças, soltei todas as amarras e me lancei ao mar.

Comigo levei a fuga, a esperança, a minha liberdade, o meu eu dividido. À medida que nadava em direção ao nada observava a facilidade com que me despia de tudo.

Quanto mais me aproximava do abismo, mais atraída me sentia pelo seu chamado. Doce voz nos meus ouvidos, qual canto de sereia na cabeça de Ulisses. Mas não havia tronco para prender-me, nem marinheiros corajosos que impedissem a minha caminhada. Aguardava-me o rei das águas. Não Netuno. Quanto engano.

Aqui não existem deuses, nem sereias.

Na escuridão que me cerca sinto o aconchego das águas, que não pesam, que abraçam apaixonadas e esmagam docemente o meu corpo já entregue.

Momento de êxtase, de total entrega.

Os olhos que enxergam, mergulham na noite e descansam na eternidade.

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